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Desmistificando as Categorias de Impacto: Acidificação

03/02/2021

A acidificação dos oceanos é um problema crescente que ameaça tanto as espécies que vivem na água quanto as comunidades humanas que dependem do oceano para alimentação e subsistência. Da mesma forma, a acidificação terrestre apresenta sérios riscos à saúde de humanos e espécies de plantas.

Neste episódio da série Desmistificando as Categorias de Impacto realizada pela PRé Sustainability, vamos entender mais sobre a acidificação.

Em ciências naturais, a palavra refere-se ao aumento do conteúdo ácido em ecossistemas terrestres e aquáticos. O excesso de acidez em um ecossistema pode eliminar bactérias, algas e outros microrganismos necessários para a manutenção do equilíbrio ecológico.

Os processos de acidificação ocorrem naturalmente na terra e no oceano. No entanto, os contribuintes mais importantes para a acidificação são as atividades antrópicas, como por exemplo a combustão de combustíveis fósseis em atividades industriais e em veículos. A acidificação oceânica aumentou 30% em comparação com a era pré-industrial e espera-se que em 2100 seja 50% maior em comparação aos níveis atuais.

Como mensuramos o impacto da acidificação nos estudos de ACV?
A maioria dos principais métodos de Avaliação de Impacto do Ciclo de Vida (AICV), como ReCiPe 2016, ILCD e CML 2001, tem categoria de impacto dedicada a essa temática ambiental. As principais emissões responsáveis pela acidificação são o dióxido de enxofre (SO2), óxidos de nitrogênio (NOx) e a amônia (NH3). Os potenciais de acidificação de NOx e NH3 são caracterizados em termos de kg equivalente de SO2 .Ou seja, o impacto de 1 kg de NOx ou NH3 em comparação com 1 kg de SO2. A técnica para estabelecer fatores de caracterização para NOx e NH3 é baseado na massa molecular da substância e no número de íons hidrogênio liberados na acidificação.

O método da Pegada Ambiental do Produto (Product Environmental Footprint, PEF) mede o impacto da acidificação terrestre em termos de excedente acumulado (accumulated exceedance, AE). Ele destaca a sobrecarga de elementos químicos nas áreas sensíveis de ecossistemas terrestres e de água doce, aos quais se depositam tais substâncias acidificantes.

Cabe ao praticante de ACV escolher o método de medição da acidificação, com base na relevância prática e na disponibilidade de dados para cada método. A maioria dos métodos de AICV não inclui a acidificação oceânica como uma categoria de impacto. O trabalho de Bach et al. (2016) considera dióxido de carbono (CO2), monóxido de carbono (CO) e metano (CH4) no desenvolvimento de fatores de caracterização, representando uma das primeiras tentativas de quantificar o impacto de um produto em termos de acidificação oceânica.

Como podemos reduzir a acidificação?
Um dos principais contribuintes para a acidificação terrestre é a queima de combustíveis fósseis em motores de combustão interna na indústria e em transportes. Enquanto as indústrias estão lentamente adotando combustíveis mais verdes, o número de automóveis nas principais economias desenvolvidas e em desenvolvimento está apenas aumentando.

As melhores saídas para tanto são usar o transporte público quando possível e eliminar os veículos mais antigos, substituindo motores de combustão por automóveis, mais novos.

A acidificação do solo causada pelo uso excessivo de fertilizantes à base de nitrogênio e enxofre também pode ser efetivamente reduzida pelo processo de calagem: aplicação de cal ou outras substâncias neutralizantes de ácido no solo. A calagem também reduz as emissões de óxido nitroso do solo. Como nem tudo são flores, por outro lado, a aplicação de cal libera CO2 na atmosfera.

A causa da acidificação oceânica é clara: dióxido de carbono dissolvido da queima de combustíveis fósseis. Assim, atuar sobre os vetores das mudanças climáticas, principalmente reduzindo o uso de combustíveis fósseis, é a forma mais eficaz de limitar a acidificação oceânica.

Este artigo foi baseado na publicação realizada por Ruchik Patel, analista na PRé Sustainability.