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Como as empresas têm-se portado diante do cuidado com a disponibilidade hídrica e a poluição da água?

05/08/2020

Nas últimas semanas, o novo Marco Legal do Saneamento Básico foi sancionado, tendo como meta principal a universalização até 2033, garantindo que 99% da população brasileira tenha acesso à água potável e 90% ao tratamento e a coleta de esgoto.

O saneamento básico engloba um amplo conjunto de serviços, como o abastecimento de água potável, esgotamento sanitário, limpeza urbana, manejo de resíduos sólidos, drenagem e manejo das águas pluviais.

Além da quantidade adequada e regularidade do abastecimento de água tratada, a qualidade é um fator imprescindível. Os principais fatores que afetam a qualidade da água são a poluição das águas superficiais e subterrâneas por esgotos domésticos, efluentes e resíduos provenientes da indústria e da agricultura.

O Banco Mundial identificou a poluição da água como uma "crise invisível" que ameaça sociedades e economias. E, segundo o relatório “Global Water Report” publicado em 2019 pelo CDP, as empresas precisam demonstrar muito mais engajamento no assunto.

O relatório aponta que menos da metade das 2.433 empresas analisadas mede e monitora regularmente seus efluentes e apenas 12% estabeleceram uma meta e/ou objetivo de redução da poluição. Além disso, muitas empresas subestimam os riscos associados à poluição da água, com 10% apenas atentas a esses riscos.

As grandes indústrias estão na linha de frente da crise e são chave para este enfrentamento. Os setores de alimentos, têxtil, energia, químico, farmacêutico e mineração exercem enorme influência sobre o uso e a poluição de água doce em todo o mundo. O modo como essas empresas optam por crescer terá um impacto significativo sobre os recursos hídricos. Portanto, recomenda-se a adoção das seguintes estratégias:

    • Reduzir a captação e o consumo geral de água nas operações diretas e em toda a cadeia de valor, com atenção especial a áreas com estresse hídrico e produtos com alta demanda de água;
  • • Eliminar incidentes de poluição, tratando a água antes do lançamento no meio ambiente, incentivando os fornecedores a fazer o mesmo, e minimizar ou eliminar as fontes de poluição hídrica dos produtos e serviços ofertados;
  • • Estabelecer e cumprir metas de consumo de água, efluentes e poluição, a fim de desvincular o crescimento do negócio à água.


É importante destacar que as empresas podem obter vantagens competitivas ao gerenciar seu potencial de poluição. As águas residuais, por exemplo, representam um vasto recurso inexplorado de energia.

A ACV Brasil desenvolve estudos de Pegada Hídrica que apoiam a gestão dos recursos hídricos, a partir da avaliação dos aspectos de disponibilidade e uso da água sob a perspectiva da Avaliação do Ciclo de Vida (ACV). Os estudos de ACV também contribuem para a avaliação da qualidade da água ao considerar, por exemplo, as categorias de Eutrofização e Acidificação.