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Pegada de Carbono de Produto: qual norma devo seguir?

16/02/2022

Ao decidir calcular a Pegada de Carbono de um produto é comum encontrarmos várias normas diferentes. Apesar dos esforços para harmonizá-las, as normas possuem aplicações específicas e diferentes públicos-alvos.

Ao seguir uma norma de Pegada de Carbono de Produto (PCP) é possível quantificar, gerenciar e comunicar as emissões de gases de efeito estufa (GEE) relacionadas a bens e serviços. As normas baseiam-se na Avaliação do Ciclo de Vida (ACV), mas possuem uma única questão ambiental como foco, o Aquecimento Global.

Nos últimos anos, um número crescente de empresas tem quantificado a Pegada de Carbono de seus produtos, por vários motivos: melhorar a reputação no mercado, envolver stakeholders, cumprir as (próximas) obrigações regulatórias e dar o primeiro passo em direção a uma pegada ambiental mais abrangente.

As várias normas de PCP orientam as empresas e apoiam a credibilidade das métricas divulgadas publicamente.

Por que existem diferentes normas de Pegada de Carbono de Produto?
A necessidade de transparência sobre as emissões de GEE de produtos impulsionou o desenvolvimento de diversas metodologias em diferentes momentos e por diferentes organizações. Podemos classificar essas metodologias em dois grupos:

  • • Grupo 1 – Metodologias que abrangem apenas emissões e impactos relacionados às mudanças climáticas. Exemplos: ISO 14067, GHG Protocol Product Standard e normas regionais, como a britânica PAS 2050.

  • • Grupo 2 – Metodologias com abrangência ampla, incluindo outras questões ambientais, sendo possível utilizar o indicador de mudanças climáticas calculado por meio dessas metodologias para determinar a PCP. Exemplos: Product Environmental Footprint (PEF), EN 15804 (construção civil) e normas regionais, como a francesa BP X30-323-0.

Além da abrangência geográfica, as normas possuem como diferencial o nível de detalhamento. Por exemplo, a norma ISO 14067 é o padrão de referência internacional para a elaboração de PCP, mas possui um detalhamento mais generalizado dos requisitos. Já as normas GHG Protocol Product Standard e PAS 2050, fornecem requisitos mais detalhados com menos espaço para interpretações próprias.

Qual norma devo seguir?
Não há uma resposta simples para a escolha da metodologia, mas existem alguns passos que podem nos ajudar.

  1. Identifique seu objetivo, refletindo sobre as seguintes questões:
    - Para que servirá o estudo?
    - O estudo será usado para comunicação interna, relatórios públicos, declarações externas ou para cumprir requisitos regulatórios?
    - Qual é o mercado geográfico em que o estudo será comunicado?

  2. Mapeamento do cenário atual
    Busque informações sobre como o seu setor de atuação está conduzindo estudos de PCP. Pesquise a existência de iniciativas setoriais, regras de categoria de produto, ações dos governos nacionais e internacionais, políticas e estratégias internas da empresa onde atua.

  3. Siga a árvore de decisão
    A norma ISO 14067 é a mais recente norma reconhecida internacionalmente disponível e, portanto, pode ser usada como base. Caso esta norma não fornecer detalhes suficientes, orientações adicionais sempre poderão se encontradas em metodologias mais detalhadas, como GHG Protocol Product Standard, PAS 2050 ou método PEF.

Árvore de decisão Norma PCP
Fonte: Schryver e Zampori (2022)

Quanto seu objetivo estiver claro, cada uma das nomas de Pegada de Carbono de Produto pode ajudá-lo na compreensão das emissões de GEE do produto avaliado com base em resultados sólidos. E com isso, suportar a tomada de decisão sobre medidas para redução das emissões. Todo esse conjunto garante uma comunicação relevante para os negócios.

Artigo elaborado com base em: Schryver e Zampori (2022)