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Desmistificando as Categorias de Impacto: Radiação Ionizante

27/07/2020

Um dos objetivos centrais dos estudos de Avaliação ou Análise do Ciclo de Vida (ACV) é abranger o máximo possível de categorias de impacto, incluindo também aquelas pouco mencionadas no dia a dia.

Uma dessas categorias é a Radiação Ionizante, tema do último artigo da PRé Sustainability que tem intuito de disseminar o que ela significa, quais são suas causas e como mensurar seu impacto.

Primeiro, é importante entendermos a natureza da radioatividade. Embora a maioria dos núcleos atômicos seja indefinidamente estável, alguns não o são. Os núcleos instáveis ou radioativos se decompõem espontaneamente, emitindo uma pequena partícula que se movimenta muito rápido e, por conseguinte, carrega consigo uma grande quantidade de energia¹. Em alguns casos, o excesso de energia transforma-se em radiação ionizante - emitida como uma partícula ou onda eletromagnética. Como exemplos, podemos citar a radiação ultravioleta, os raios-X e os raios gama.

Vale lembrar que nem todas as formas de radiação são ionizantes. A radiação não ionizante contém baixa energia e, portanto, não tem a capacidade de separar elétrons de outras moléculas. Exemplos de radiação não ionizante são ondas de rádio, micro-ondas e luz visível.

A radiação ionizante tem o potencial de interagir e alterar moléculas, danificar ou até matar células. Se seres humanos forem expostos a uma quantidade significativa de radiação ionizante, ainda que subletal, pode ocorrer o desenvolvimento de sérios problemas de saúde devido ao dano celular¹.

Este tipo de radiação também pode ser perigoso para animais e plantas. No entanto, eles possuem mecanismos de radioproteção celular podendo suportar melhor a radiação.

E quais são as causas? Nos compartimentos ambientais podem ser encontrados mais de 60 materiais radioativos naturais. Isso significa que inalamos e ingerimos radionuclídeos diariamente. Mas, não há motivo para nos preocuparmos, pois isso geralmente não é prejudicial; a dose anual de base é baixa. Algumas atividades humanas também são fontes de radiação ionizante, como geração de energia nuclear, dispositivos médicos para diagnóstico, atividades de pesquisa, determinados processos de manufatura e de construção.

Atualmente, aplicações de altas doses de radiação são operadas com cautela e, ainda assim, causam exposição limitada. Porém, as atividades quem envolvem a manipulação do urânio para geração de energia nuclear são uma importante fonte de radiação ionizante.

Os métodos mais conhecidos de Avaliação de Impacto do Ciclo de Vida (AICV) incluem radiação ionizante como uma das categorias de impacto. Pode ser que você já tenha se deparado com grande magnitude de impactos dessa categoria. E a razão mais recorrente é a contribuição da energia nuclear na composição do mix de produção de eletricidade de alguns países europeus, como a França, por exemplo.

Consulte o artigo completo, elaborado por Hendrik Oosterhoff e Wouter van Kootwijk.

¹Fonte: Baird, C.; Cann, M. Química Ambiental. 4 ed. Porto Alegre: Bookman, 2011.