Em 2014, a ACV Brasil teve a oportunidade de liderar o projeto “Desenvolvimento de base de dados ambiental para a cadeia de transformação de plástico no Brasil”, financiado por meio da chamada pública RHAE Pesquisador na Empresa (nº 54/2013).
O Programa de Formação de Recursos Humanos em Áreas Estratégicas (RHAE) foi criado em 1987, em uma parceria do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Desde 2007, é destinado à inserção de pessoal altamente qualificado em atividades de pesquisa e desenvolvimento (P&D) nas empresas privadas, preferencialmente de micro, pequeno e médio porte.
O projeto foi desenvolvido pela ACV Brasil, com o objetivo de obter indicadores ambientais compatíveis com bases de dados internacionais de Inventários do Ciclo de Vida (ICV). Durante sua execução, a estratégia de abordagem aos transformadores foi direta e indireta. Indiretamente procurou-se traçar estratégias e alinhar objetivos com associações setoriais, empresas relevantes para todo o setor plástico e formadores de opinião. Nessa etapa, firmamos parcerias com produtores de resinas, produtores de máquinas de transformação, produtores de máquinas de resfriamento, revistas especializadas e associações setoriais como o Instituto Nacional do Plástico e a Associação Brasileira de Embalagens Flexíveis. Foram contatados diretamente 345 transformadores de plástico e 15 participaram ativamente do projeto representando um parque de mais de 183 máquinas inventariadas. Os conjuntos de dados foram distribuídos entre os processos de Extrusão, Injeção, Sopro, Termoformagem, Extrusão de filmes e chapas, Extrusão de perfis e tubos, além de Extrusão balão.
Para a coleta de dados, formulários foram criados de acordo com padrões definidos para o desenvolvimento de ICV, a fim de serem preenchidos pelas instituições participantes. Além disso, um wattímetro foi utilizado para medição direta de dados de consumo de energia elétrica, quando possível.
Os conjuntos de dados finais (datasets) foram submetidos ao Banco Nacional de Inventários do Ciclo de Vida (SICV Brasil) e, recentemente, foram disponibilizados na rede GLAD (Global LCA Data Access).
A inexistência de bases de dados nacionais força o uso de informações internacionais, em sua maioria, europeias e norte-americanas, nos estudos de desempenho ambiental de produtos e serviços nacionais, comprometendo a qualidade, consistência e confiabilidade dos resultados. Isso pode provocar a perda da competitividade e aceitação dos produtos brasileiros no mercado internacional cada vez mais exigente com os aspectos socioambientais.
Neste sentido, os resultados do projeto propiciam às empresas relacionadas ao ciclo de vida dos produtos plásticos, informações ambientais relevantes, atuais, representativas e internacionalmente aceitas. Possibilitam ainda a incorporação do desempenho ambiental no processo decisório para o desenvolvimento de novos produtos e serviços.