Toxicidade e ecotoxicidade são categorias de impacto presentes nos estudos de Avaliação do Ciclo de Vida. A primeira tem relação aos efeitos nocivos de substâncias químicas para a saúde humana, já a segunda mensura os efeitos para os ecossistemas.
Apesar desta subdivisão, há uma correlação direta entres as duas categorias. A ecotoxicidade é importante por seus efeitos desestabilizadores no ambiente, os quais possuem consequências para a saúde humana e segurança alimentar.
O ambiente natural não é um sistema fechado e possui alta complexidade, a variação nas condições de um ecossistema pode gerar efeitos de alcance global. Para melhor entender o seu funcionamento, é comum dividi-lo nos compartimentos água, ar e solo. Os métodos de Avaliação de Impacto do Ciclo de Vida (AICV) buscam modelar como uma emissão em um compartimento acaba migrando para outros e quais são seus efeitos.
Quantificando os impactos da ecotoxicidade
Como é possível imaginar, não é nada fácil monitorar como as substâncias se comportam no ambiente. Na AICV, usamos os fatores de caracterização (FCs) para transformar emissões em impactos.
Para a categoria de ecotoxicidade, os modelos são baseados na cadeia de causa e efeito, considerando três fatores em conjunto: fator de destino, fator de exposição e fator de efeito.
Diversos métodos de AICV usam diferentes abordagens para expressar os impactos para ecotoxicidade. O método USEtox, por exemplo, mede a ecotoxicidade para ecossistemas de água doce com as unidades 'fração de espécies potencialmente desaparecidas' (potentially disappeared fraction of species, PDF) ou 'fração de espécies potencialmente afetadas' (potentially affected fraction of species, PAF), dependendo se queremos estudar mortalidade de espécies ou efeitos não letais.
Limitações e perspectivas futuras
Os métodos mais desenvolvidos para avaliar a ecotoxicidade são aqueles para o ambiente de água doce. Métodos ainda estão em desenvolvimento para ecotoxicidade terrestre e marinha.
Algumas substâncias novas e poluentes representam um desafio para a comunidade científica em ciências ambientais. Por exemplo, os efeitos atuais da poluição causada pelos resíduos plásticos em ambientes aquáticos (incluindo oceanos) ainda são desconhecidos e, embora pesquisas estejam sendo realizadas, mais investigações são necessárias. Outros poluentes emergentes incluem substancias farmacêuticas, hormônios e produtos químicos presentes em cosméticos.
Embora ainda tenhamos um longo caminho a percorrer, alguns métodos como o USEtox já possuem mais de 40 mil substâncias em sua lista de fatores de caracterização. Portanto, estamos em uma boa posição para usar nossos métodos de LCIA para garantir que nossos rios, lagos e oceanos sejam mais compreendidos e melhor monitorados.
Este artigo foi baseado na publicação realizada por Alba R. Rozas, analista na PRé Sustainability.
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